O planeta entrou em uma nova era geológica, o Antropoceno, a “era dos humanos”. Esta é a conclusão de uma equipe internacional de cientistas após a revisão de diversos estudos a respeito do tema, publicada na revista Science. A mudança ocorreu por conta da atividade humana, que alterou os sistemas naturais da Terra e provocou desgastes irreversíveis.
O termo Antropoceno foi criado pelo biólogo americano Eugene Stoermer, no início dos anos 1980, e se refere à maneira como geólogos intitulam os vários éons, eras, períodos, épocas e idades pelas quais a Terra passou em seus cerca de 4,6 bilhões de anos. Desde então ele tem sido utilizado com cada vez mais frequência por pesquisadores de diversas áreas para ressaltar a maneira como a humanidade está provocando mudanças no nosso planeta.
De acordo com os cientistas, as marcas causadas pela ação humana são muitas e profundas, ao ponto de a definição do Antropoceno ser “inequívoca”. Como exemplos dessa marcas podemos citar o que chamam de “tecnofósseis”, como os resíduos de plástico, alumínio elemental, concreto e outros materiais que acabaram nos depósitos sedimentares do planeta e nos oceanos. A fuligem e as cinzas da queima de combustíveis fósseis, que também se encontram nestes sedimentos, são outros registros apontados na revisão.
As indicações geológicas da ação do homem vai além. O gelo polar e das geleiras continentais e de altitude ainda guardam bolhas de ar com níveis de dióxido de carbono (CO2) muito acima dos encontrados em períodos anteriores. Soma-se a isso os elementos radioativos espalhados globalmente com a explosão da primeira bomba atômica em 1945, reforçados pelos testes nucleares realizados posteriormente, além de alterações no ciclo de nitrogênio por conta da crescente utilização de fertilizantes, também a partir da segunda metade do século passado.
A definição do Antropoceno é uma quase certeza, mas a decisão de quando deverá ser estabelecido o início da “era dos humanos” ainda é motivo de debates entre os pesquisadores. Para os autores da revisão, ele deve ser encaixado em meados do século XX, período em que muitos dos sinais apontados apareceram pela primeira vez nos registros geológicos.
Oficialmente, porém, ainda estamos na idade chamada Holoceno, iniciada há 11,7 mil anos, no fim da última Idade do Gelo. Assim sendo, a União Internacional de Ciências Geológicas (IUGS) determinou que seu mais antigo órgão científico, a Comissão Internacional de Estratigrafia, criasse um grupo de trabalho para analisar a possível troca de nome e apresentar uma proposta a respeito do tema no próximo Congresso Internacional de Geologia, que ocorrerá neste ano na África do Sul.
Fonte: O Globo