No dia 5 de junho de cada ano é dedicado mundialmente às comemorações do Dia do Meio Ambiente. Seria excelente se tivéssemos motivos apenas para as comemorações, entretanto ao lado de uma natureza generosa em todas as dimensões, convivemos com um passivo ambiental que cresce de forma contínua e preocupante.

O mais curioso é que esse passivo ambiental é produzido pelo próprio homem que, a princípio, deveria estar comemorando a natureza em alto estilo, mas em linhas gerais podemos entender como um paradoxo que precisa de uma boa dose de reflexão e outra, ainda maior, de ações concretas para ser superado.

Somente com efetiva mudança de postura comportamental, mais sustentável, é que a natureza poderá seguir seu curso sem impactos drásticos gerados pelo homem. A questão da poluição difusa, que é a poluição e contaminação das águas, do solo e do ar, a partir de pequenos atos insustentáveis praticados diariamente pelo homem, são preocupantes de forma contundente.

Para uma cidade se tornar efetivamente sustentável, todos têm que fazer a sua parte, a população, empresários e, principalmente, o Poder Público. Faz mais de 8 anos que foi promulgada a Lei Nacional do Saneamento Básico (Lei N° 11.445/07) e aproximadamente 5 anos vige a Lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei N° 12.305/10), entretanto ainda convivemos, no Brasil, com péssimos indicadores de cobertura dos serviços de saneamento básico.

Embora previsto no Plano Nacional de Saneamento Básico – PLANSAB, investimentos da ordem de R$ 508 bilhões, até o ano 2033, bem como alardeado pelo Governo Federal, investimentos maciços no setor nota-se que, apenas, 50% da população brasileira conta com redes coletoras de esgotamento sanitário, e menos de dois terços têm os esgotos produzidos devidamente tratados.

A mudança desse quadro é, ao mesmo tempo, simples e complexa, pois depende de uma mudança de postura, que vai desde o exercício da cidadania, com efetiva participação da sociedade nos processos de controle social, bem como, a conscientização dos Gestores Públicos respeitando as leis vigentes, principalmente no que diz respeito a definição das políticas municipais de saneamento básico fundamentadas nos Planos Municipais de Saneamento Básico e de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos.

A complexidade para a mudança de atitude pode ser creditada, ainda, em função das práticas enraizadas em nossa cultura do descaso e do desperdício. O mais importante é dar o primeiro passo e fazer do exemplo de cada um, a força da transformação. O Dia Mundial do Meio Ambiente pode alavancar o inicio dessas mudanças, mas a decisão depende de cada um de nós.

Adalberto Joaquim Mendes

Giselle Malvezzi Mendes (coautora)