Um estudo realizado pela mineradora Samarco, a pedido da Justiça, aponta a possibilidade de rompimento das barragens de Santarém e Germano, as únicas que ficaram de pé em Mariana (MG), após a tragédia ocorrida em 5 de novembro de 2015. A possível enxurrada de lama poderia resultar em um desastre muito maior do que o que aconteceu anteriormente, ampliando a destruição da fauna e da flora e atingindo moradias que ficaram preservadas.

De acordo com a avaliação, obtida pelo jornal Folha de S.Paulo, a estimativa é que seriam liberados 105 bilhões de litros de rejeitos em caso de novos rompimentos. As estruturas de Santarém e Germano foram danificadas após o rompimento da barragem de Fundão, embora a mineradora afirme que os reservatórios remanescentes estão “estáveis”. A Samarco diz ainda que trabalha para reforçá-los até o fim de fevereiro.

No documento, cinco possibilidades são avaliadas, levando em conta que a barragem de Santarém, que armazena água para a produção mineral e está localizada mais próxima de Bento Rodrigues, transborde ou se rompa. A suposição é que isso ocorreria após a ruptura da barragem de Germano, que fica atrás de Santarém.

São exibidos no estudo cenários que chegariam até a hidrelétrica de Risoleta Neves (Candonga), a 109 quilômetros das barragens. Além do assoreamento e da mudança do curso de rios, também foram levados em conta a destruição de áreas de preservação ambiental, o que acabaria com a vida animal, interromperia o fornecimento de água e luz e inundaria propriedades rurais e urbanas. As previsões indicam que a lama chegaria em dez minutos ao local onde antes ficava o povoado de Bento Rodrigues, hoje completamente submerso pela lama de Fundão. O município de Barra Longa, a 77 quilômetros de distância, seria atingido após 11 horas.

A consultoria responsável pelo estudo pede que a Samarco cadastre as habitações que podem ser atingidas para facilitar a evacuação, além de elaborar um novo plano de emergência para as barragens que restaram. O Ministério Público de Minas Gerais vai solicitar que a Justiça determine as medidas.  O plano, segundo a mineradora, já está em “fase de elaboração de escopo para a contratação de empresa especializada”.


Foto: Folha de S.Paulo

Fonte: Folha de S.Paulo